Drummond



 O poema "Cidadezinha Qualquer", de Carlos Drummond de Andrade, retrata a vida cotidiana de uma cidadezinha do interior, onde tudo acontece devagar e parece seguir sempre o mesmo ritmo, sem grandes acontecimentos ou emoções.

A primeira imagem que o poema nos apresenta são as casas entre bananeiras e as mulheres entre laranjeiras, criando um cenário de tranquilidade e harmonia, onde a natureza e a vida humana convivem em perfeita simbiose. O pomar e o canto de amor representam a beleza e a alegria presentes naquela vida simples.

No entanto, o poema também nos mostra a lentidão que caracteriza a rotina da cidadezinha. Tudo acontece devagar: o homem, o cachorro e o burro vão devagar, sem pressa. E as janelas olham, como se esperando alguma mudança ou novidade que nunca chega.

A expressão "vida besta" no último verso pode ser interpretada de diversas formas, mas é possível entender que o poeta se refere à monotonia da vida cotidiana, que não oferece grandes emoções nem desafios, e que muitas vezes pode levar as pessoas a se sentirem presas ou insatisfeitas.

Porém, a simplicidade e a tranquilidade da cidadezinha também podem ser interpretadas como uma forma de escape ou de refúgio da agitação e do caos da vida moderna.

Drummond utiliza uma linguagem simples e direta, sem rodeios ou exageros, o que reforça a ideia de que a vida na cidadezinha é desprovida de excessos e ostentação. O poema também é marcado pela repetição de "devagar", que reforça a sensação de lentidão e monótona do cotidiano retratado.

Em síntese, "Cidadezinha Qualquer" é um poema que retrata a vida simples e cotidiana de uma cidade do interior, destacando a harmonia entre a natureza e as pessoas, mas também mostrando a lentidão e a monotonia que caracterizam a rotina daquele lugar. O poema pode ser interpretado como uma crítica à vida sem grandes emoções, mas também como uma celebração da tranquilidade e simplicidade da vida no campo.

Biografia do Autor

          Carlos Drummond de Andrade é um dos mais importantes poetas brasileiros do século XX, pertencente à segunda geração do modernismo brasileiro, também conhecido como "geração de 30". Sua obra, marcada pela sensibilidade e lirismo, retrata com maestria as inquietudes e contradições da vida urbana, os dramas da existência humana e a relação do homem com a natureza.

Nascido em Itabira, Minas Gerais, em 1902, Drummond de Andrade formou-se em farmácia e trabalhou durante muitos anos como funcionário público. Sua estreia literária ocorreu em 1928, com o livro "Alguma Poesia", que marcou o início da poesia moderna brasileira.

Ao longo de sua trajetória, Drummond de Andrade produziu uma obra vasta e diversa, que abrange poesia, crônicas, contos e ensaios. Sua poesia é marcada por uma linguagem concisa e precisa, com uma atenção especial para o ritmo e a sonoridade das palavras. Além disso, seus poemas têm um forte teor reflexivo e filosófico, abordando temas como a solidão, a morte, o amor e a passagem do tempo.

Entre suas obras mais conhecidas, destacam-se "Sentimento do Mundo" (1940), "A Rosa do Povo" (1945), "Claro Enigma" (1951) e "Fazendeiro do Ar" (1954). Em sua poesia, é possível perceber a influência do modernismo brasileiro, bem como de outros movimentos literários como o surrealismo e o simbolismo.

Além de sua produção literária, Drummond de Andrade também teve uma atuação importante no meio cultural brasileiro, tendo sido membro da Academia Brasileira de Letras e colaborado em diversas publicações literárias e jornais. Sua obra é considerada um marco na literatura brasileira do século XX, influenciando muitos outros escritores e poetas.

Em resumo, Carlos Drummond de Andrade é um dos maiores expoentes da poesia moderna brasileira, tendo produzido uma obra marcante e diversa. Sua poesia é marcada por uma linguagem precisa e reflexiva, abordando temas universais com sensibilidade e lirismo. Drummond de Andrade é uma figura fundamental para a literatura brasileira do século XX, sendo reconhecido como um dos maiores poetas da língua portuguesa.

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